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DESABASTECIMENTO: Falta d’ água, o ‘fantasma’ que se materializa em Araputanga
A antiga reclamação popular que falta água nas torneiras dos consumidores de Araputanga retorna com força no final da atual gestão pública, embora a produção de água potável esteja a plena capacidade, na Estação de Tratamento-ETA. O período sem chuvas seria a principal causa para o desabastecimento nas torneiras. Ouça aqui entrevista com o químico Alessandro F. Pacuim.
UBS FECHADA
Sem dúvida, a reclamação dos consumidores contra a falta d’ água procede; o aviso “ Unidade fechada, motivo falta d’ água”, afixado na grade, próxima ao portão de entrada da Unidade Básica de Saúde do Bairro Santo Antônio, chega a ser escandalizador. Vizinhos confirmaram que a Unidade foi abastecida com carro-pipa, na tarde de ontem (19/10).
CERCA DE 3,6 MILHÕES DE LITROS D’ ÁGUA
O líquido chega para tratamento na ETA, vindo de duas fontes distintas: Córrego das pitas cerca de 90 mil litros por hora e captação em poços artesianos, cerca de 60 mil litros/hora. O sistema de captação e distribuição trabalha 24 horas por dia tratando e distribuindo na rede de tubulações cerca de 3.600.000 (três milhões e seiscentos mil litros/dia), por dia que não tem sido suficientes para aplacar a sede do povo.
PERDA E DESPERDÍCIO
Os servidores públicos lotados no SMAE conhecem de perto as dificuldades vividas pelo setor; a Estação de tratamento (ETA) trabalha no limite e a produção de água seria suficiente para suprir a demanda se não houvessem perdas e supostamente grande desperdício por parte dos consumidores.
Se a ETA produz três milhões e seiscentos mil litros/dia, de água potável, cada indivíduo araputanguense deveria estar consumindo 294,93 litros de água e, diga-se de passagem, não pode estar havendo tal consumo, entre outras, pelas seguintes razões:
1 – O abastecimento aos consumidores, não ocorre simultaneamente em todos os Bairros e, sequer, em todos os dias;
2 – Se a água não chega continuamente às torneiras, a população se pergunta, onde estão os 294 litros de água produzidos para cada indivíduo;
3 – Com a crônica falta d’ água, o caminhão-pipa tem abastecido os reservatórios das residência. A presença de tal caminhão é prova cabal para demonstrar que a água não chega nem mesmo ao nível do solo, nos cavaletes.
4 – As famílias do Residencial Água Boa, às margens da MT-175 e, àquelas que residem no Bairro Independente, próximo ao Clube Olímpico, têm fornecimento próprio e, não consomem água fornecida pelo SMAE.
5 – Pelo menos 12 Poços artesianos particulares atendem às principais empresas e instituições na cidade, portanto, não consomem água produzida pela municipalidade.
6 – A população urbana de Araputanga é estimada em 12.206 habitantes, porém, é preciso deduzir os residentes nos dois bairros citados no item 5, ou seja, não há abastecimento para o universo de pessoas que supostamente existem na cidade.
7 – Uma pergunta se impõe: para onde vai tanta água?
DESPERDÍCIO
É comum ouvir relatos de famílias que deixa a água derramar a partir de seus reservatórios; há quem utilize a água para molhar a rua e de vez em quando, uma prática reiterada, principalmente onde há muita poeira. Na cidade comenta-se que existe consumidor que deixa a caixa d’ água derramar, porque não coloca a boia como instrumento regulador do nível d’ água.
QUEM DÁ CONTA?
Em tais condições, o fornecedor da água potável jamais conseguirá suprir a demanda da população, especialmente para quem mora nos setores mais longínquos e mais altos da cidade; contudo, há quem argumente que no período em que o atual vice-prefeito assumiu o cargo de prefeito, por ordem da Justiça, o problema do abastecimento teria encontrado solução; mas não há consenso na informação popular, que pode ter origem entre os partidários do então administrador. Pelo sim, pelo não, de fato as famílias araputanguenses “gritam” nas redes sociais, suas dores e sofrimentos com a constante falta d’ água.
DE QUEM É A CULPA?
Não é fácil apontar culpados quando o desabastecimento d’ água ressurge ano após ano. Todos devem fazer uma espécie de mea culpa, porque o governante municipal é escolhido livremente na urna e, enquanto a maioria escolher gestores públicos de visão imediatista e que não pratica o olhar sobre o todo da cidade (visão holística), a própria população que faz as escolhas continuará pagando as consequências.
NOVOS BAIRROS
Na última década os gestores aprovaram e autorizaram o surgimento dos loteamentos Carvalho, Furlan, Paraíso, Lago Azul, Jardim Vitoria, São Lucas, Ricca, Itália I, II e III, Anápolis, Primavera II e III, Maria Clemente e Daury Riva, entre outros; lógico que a extensão territorial do espaço urbano foi importante, a cidade cresceu, porém, só houve investimento na construção de um reservatório grande com capacidade de cerca de trezentos mil litros, no Jardim Primavera e de fato, nenhum ou quase nenhum investimento na ETA.
ONZE REAIS
As residências com piscina pagam tarifa de R$108,00 mensais pelo fonrecimento da água , outros consumidores grandes, num total de 23, como Bancos e Supermercados, pagam pelo consumo, a partir da leitura realizada por funcinários do SMAE; porém, a absoluta maioria das contas são faturadas pela tarifa fixada há mais de cinco anos em R$11,00
Sem dúvida, há outros motivos que fazem do SMAE, o calcanhar de Aquiles para a Administração Pública Municipal, entre os motivos, a ínfima tarifa de R$11,00 (onze reais), cobrada mensalmente pelo fornecimento, representando menos de R$0,37 centavos ao dia e, justamente, a grande maioria não paga sequer a tarifa.
OUTROS NÚMEROS
Em 03/10/2016 a dívida dos consumidores junto ao SMAE era de R$667.399,40 (Seiscentos e Sessenta e Sete Mil, Trezentos e Noventa e Nove Reais e Quarenta Centavos); acrescida de juros o montante sobre para R$922.001,76. O setor conta com 13 servidores, sem contar o salário desses trabalhadores, a arrecadação mensal não supre os custos de tão importante e fundamental serviço prestado à população.
Somente a conta de energia chega a estratosféricos R$57.000,00 (cinquenta e sete mil reais/mês), há ainda os custos com aquisição de cloro (300 kg/mês), e sulfato de alumínio (150 sacas de 25 kg/mês).
Se quiser enfrentar as deficiências para solucionar a falta de água, não bastará construir reservatórios e furar novos poços artesianos. A administração precisará investir cerca de trezentos mil reais para hidro metrar as cerca de 4.700 unidades consumidoras, visando conter os desperdícios e arrecadar mais, modificando a cobrança da tarifa do mínimo para valor consumido; o custo individual do medidor oscila entre R$50,00 e R$70,00.
CACHOEIRINHA, FARINÓPOLIS E BOTAS
Os consumidores urbanos que pagam a fatura de água não sabem que o valor não é faturado para os consumidores de Cachoeirinha, Farinópolis e, Botas. Nessas localidades a água é fornecida gratuitamente pela Prefeitura Municipal, ou seja, quem paga a fatura na cidade, pode perfeitamente estar “financiando” o fornecimento de água nas Comunidades citadas.


